domingo, 25 de janeiro de 2009

EDUCAÇÃO


Além da atenção exagerada que recebem os métodos e teorias educacionais, sem que as necessidades dos alunos sejam atendidas, percebe-se pouca preocupação com o que será priorizado no processo ensino-aprendizagem. Os conteúdos são padronizados pelo governo e não há diferença entre o que será “ensinado” aos alunos da escola urbana, da escola rural, da escola indígena... Se pensarmos apenas nas escolas urbanas, já teríamos diferenças absurdas, que não são levadas em consideração ao estabelecer quais conteúdos serão abordados. Então, percebemos uma somatória de erros: metodologias interpretadas de forma incorreta por parte dos professores e equipe escolar, conteúdos inadequados, sem contexto e muitas vezes fora da realidade dos alunos, ênfase na elaboração de teorias e métodos, e pouco investimento em tempo na análise das condições e desenvolvimento dos alunos. Com tantos erros, é óbvio que o sistema apresenta falhas, e os prejuízos aos alunos são incontáveis.

Se priorizar quais conteúdos serão ensinados é importante, mostrar ao aluno como ele pode utilizar tais conhecimentos e de que maneira pode ser um gerente das informações adquiridas, é muito mais importante. A maioria dos alunos não é capaz de relacionar um conteúdo aprendido na escola a um fato da realidade. Com toda certeza, isso não se deve simplesmente à falta de habilidade do aluno, mas a grande parcela de culpa é da escola, que trata os conteúdos como assuntos alheios à realidade. É claro que nem todos os conteúdos serão aplicáveis por toda a vida escolar, mas o aluno precisa saber, ao menos, de como e quando aplicá-los, caso se faça necessário. Aprender os conteúdos escolares seria muito mais fácil se o aluno entendesse a função social dos mesmos. Muitas vezes fica difícil perceber qual é a função social da escola, quanto menos a dos conteúdos.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração é a diferença entre formação e informação. A escola, muitas vezes preocupada em transmitir informações aos alunos, deixa de lado a tarefa de formação, que é mais importante. Esta, envolve num primeiro momento, a transmissão de tais informações, mas, além disso, capacita o aluno a posicionar-se frente às mesmas, a questionar, refletir, duvidar, buscar, entre outras ações importantes, a partir das informações adquiridas.

Motivação: motivo para se praticar a ação. Acredito que seja um sentimento, que seja “criado” no interior de cada indivíduo. Cabe ao professor instigar os alunos, desafiar, promover situações que despertem a curiosidade sobre os assuntos que serão tratados. A afetividade entre aluno e professor muitas vezes por si só já representa a motivação para o aprendizado. Quando somos “conquistados” por alguém, o admiramos, sentimo-nos motivados a corresponder às suas expectativas, a mostrarmos que somos capazes. Então, a primeira tarefa do professor seria a de conquistar seus alunos, despertar a admiração, não aquela em que se acreditava que o professor era um mito, que possuía todo o conhecimento, mas a admiração verdadeira, o sentimento de afeto, de confiança.

Todo professor deve ter a capacidade de transmitir o conhecimento de forma clara e objetiva. Porém, percebo que muitos professores conhecem o assunto que estão abordando, mas não conseguem passar adiante. Então, nem todos aqueles que detêm o conhecimento têm habilidade em comunicar-se de forma clara e objetiva. Um médico pode exercer a sua função em seu ambiente de trabalho de forma espetacular, porém, como professor em um curso de graduação talvez não obtenha sucesso. Um único erro em uma cirurgia ou ao diagnosticar de forma incorreta uma doença seria imperdoável, motivo de perda de seu registro profissional, porém, seus erros em sua atuação como professor serão bem mais aceitos e tolerados. Seria o prejuízo físico causado ao paciente mais grave que o prejuízo cultural e intelectual?

Os erros podem ser fonte de aprendizado. Porém, como a escola vê o erro cometido pelo aluno? Esta reflexão nos faz perceber que a escola contenta-se em apresentar os conteúdos e checar se os alunos aprenderam, com provas e trabalhos. A nota mostrará se o aluno aprendeu ou não. Os erros, neste caso, mostrarão o quanto aluno na sabe.
A escola deveria enxergar no erro o que o aluno já sabe, e quais habilidades ainda precisam ser desenvolvidas. Ao realizar uma operação matemática de forma incorreta, o professor deve analisar qual foi o raciocínio utilizado pelo aluno, e a partir daí propor atividades para desenvolver as habilidades que lhe faltam.
Ao aceitar os erros como aquilo que o aluno não sabe, a escola perde grandes oportunidades de mostrar ao aluno que a partir dos mesmos podemos aprender, e que os erros fazem parte da vida de todos os seres humanos, até mesmo dos “infalíveis” professores.

A Educação pode começar a melhorar se houver pré-disposição dos envolvidos em aceitar que muitas coisas precisam mudar.

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