terça-feira, 20 de novembro de 2007

Loucura

Assisti a um filme neste final de semana. Um homem encontra uma criança de 8 anos, que era ele mesmo. aí, comecei a pensar em como seria se isso acontecesse comigo.
Eu me lembraria de momentos da minha infância. Momentos bons e outros nem tanto. Me lembraria dos passeios com minhas irmãs e meu pai. Ele sempre nos levava a lugares legais, queria que conhecessemos muitas coisas. Não eram lugares caros nem luxuosos, mas sim lugares nos quais podíamos nos divertir e aprender ao mesmo tempo. Acho que hoje em dia não levo tanto meu filho para passear como meu pai nos levava. Também não sei se eram tantos passeios assim, acho que não... mas aqueles que eu lembro foram bastante significativos.
Lembraria dos momentos em que fiquei internada devido a uma pneumonia que insistia em me acompanhar. Talvez teria uma visão real deste fato, pois tudo que lembro é através de relatos da minha mãe e outras pessoas (não confio muito nestes relatos). Tenho apenas alguns flashs, que passam pelos meus pensamentos e não dizem muitas coisas.
Recordaria também do primário, no colégio São José. Lembro do dia em que fui fazer uma provinha para entrar na 1ª série, lembro do primeiro dia de aula, lembro do dia em que a pessoa que ia me buscar atrasou, e eu chorei muito (aliás, acho que eu chorava demais). Lembraria com mais detalhes do armário de uma das minhas professoras, no qual ela disponibilizava materiais para os "esquecidinhos". Achava isso o máximo e usei durante todo o tempo que dei aulas. Se meus alunos lembrarem somente disso, já é algumas coisa!!!
Lembraria das coisas que fazia ao acordar tão cedo nos finais de semana! Não sei porque eu fazia isso. Hoje uma das coisas que mais amo fazer é dormir. Sei que acordava cedo e ainda não tinha começado a programação das emissoras de TV. Ficava inventando coisas para comer. mas me sentia sozinha... minhas irmãs acordavam muito tarde!
Lembraria também das brincadeiras de rua. Como me divertia! Passava o dia todo na rua. Ia para casa apenas para comer.
No filme, o menino voltou para consertar algo de errado que o tornou um adulto frustrado. No meu caso, acho que isso não seria necessário. É claro que consertaria algumas coisinhas, mas não há nada, pelo menos que eu tenha consciência, que tenha feito de tão grave! Não me tornei um adulto frustrado, nem tampouco infeliz. tenho, como todo mundo, momentos felizes e outros nem tanto. Mas me considero, no balanço, uma pessoa feliz. Acho que minha infância contribuiu para isso.
Teria muitos outros momentos para recordar: os coelhinhos de páscoa que minha avó fazia, as pegadinhas de farinha no chão, os biscoitinhos que fazíamos juntas e assávamos (com formato de bonequinhos) e depois dávamos muitas risadas comendo-os, as visitas que fazíamos no natal (minha irmã mais velha chamava de via sacra) - algumas casas eu adorava visitar, outras, nem tanto!-, as viagens para a praia, na casa de meus padrinhos, as visitas ao padrinho da minha irmã mais nova, era muito bom ir até lá, brincávamos bastante, as brincadeiras em Mogi, na casa de meus tios... eram muitos momentos bons.
Depois, as coisas foram mudando... mudando... hoje está tudo muito diferente. A minha avó (dos biscointinhos) já faleceu, meu tio de Mogi também... Minha irmã mais velha mora em Santos, ela já morou em muitas cidades diferentes, desde que foi para a faculdade. Minha tia mora em outra cidade, meus primos, com quem brincava muito, agora têm suas vidas próprias... Enfim, tudo está diferente. Nossa, parece que sou uma pessoa solitária, não? Mas não sou não! Tenho amigos e familiares que amo muito, apenas não gosto muito de estar em contato com eles a todo momento. Não sei porque, mas gosto de ficar em casa... Ás vezes sinto que não tenho assuntos para conversar com estas pessoas, às vezes me irrito com facilidade. Muitas vezes, quando estou com eles, me desligo, fico em outro mundo... os assuntos não me interessam. Meu marido, não! Este adora conversar, ou melhor, falar... falar... falar... nada que se aproveite muito, só faz as pessoas darem risadas e elas adoram isso! Eu também, mas só às vezes. Por isso, prefiro muitas vezes ficar em casa, e encontrar essas pessoas apenas em momentos especiais.
Então, seria algum trauma da infância??? Passei muito tempo com pessoas que hoje não gosto muito??? Não... acho que não... apenas acho que sou um pouco exigente, e não é a todo momento que gosto de jogar conversa fora, de falar... falar... falar... sem conteúdo. mas também não gosto de falar de coisas sérias com qualquer pessoa. Acho que muitas delas banalizam nossos pensamentos.
Então, se eu me visitasse com 8 anos, talvez pudesse perceber que aproveitei bastante os momentos da minha infãncia e adolescência, e hoje, me tornei uma pessoa diferente... mas gosto dela. Diria então para esta criança: "Fique tranqüila, porque tudo vai dar certo!!!"

Um comentário:

pepe granja (José Granja Prada) disse...

Lembranças são reconstruções do passado. Legal que suas lembranças da infância e juventude sejam, na maioria, agradáveis. As ruins também são importantes, pois servem de parâmetro pra valorizar as boas.
O que eu mais lembro de você são os olhos arregalados, desproporcionais ao seu corpo e cabeça. Tenho a lembrança de uma foto sua, na rua, em frente a casa de seus avós no Brasília. Parece que dois olhos, enormes, empurravam ( ou puxavam? )você naquela corrida.
Sempre gostei muito do seu atrevimento.
Eu gostava muito da sua criatividade e imaginava que seria artista no estilismo, culinária, artes plásticas... sei lá. Sempre fui um sonhador utópico. Ainda bem que muita gente preferiu outros caminhos que não os que eu imaginara pra elas, caso contrário, provavelmente, teriam dado com os burros na água.
Te respeito e admiro muito, no entanto, não se iluda; ainda espero muito de você!
Pepe